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Impactos do 5G na saúde

Redes 5G irão fortalecer a telemedicina, o monitoramento remoto de pacientes e o uso de dados e análises preditivas, ampliando o número de soluções de RV e RA

A tecnologia 5G, também conhecida como rede sem fio de 5ª geração, tem o potencial de promover impactos positivos em diversas áreas. A perspectiva é que o número de usuários da nova rede cresça de forma exponencial, alcançando cerca de 30% das assinaturas de telefonia móvel até 2025. Em relação à tecnologia 4G, disponível atualmente na maior parte dos países, a rede 5G será superior em pelo menos 3 aspectos: rapidez, capacidade de conexão e latência.

Do ponto de vista da velocidade, a tecnologia 5G é até 100 vezes mais rápida que a 4G, com tráfego de dados superior a um gigabit por segundo: por exemplo, a rede 4G leva cerca de seis minutos para baixar um filme de duas horas, enquanto a rede 5G o fará em menos de cinco segundos.

No que diz respeito à capacidade de conexão de dispositivos, redes 4G suportam cerca de 4 mil aparelhos por quilômetro quadrado, enquanto mais de um milhão de dispositivos podem ser conectados simultaneamente com a tecnologia 5G, o que auxiliará muito no aperfeiçoamento da internet das coisas (IoT).

Por fim, com relação à latência, que significa o tempo de resposta do sistema a um comando, a rede 4G leva cerca de 50 milissegundos para que o resultado de uma busca no Google seja exibido para o usuário. Com a tecnologia 5G, o tempo de resposta será da ordem de 1 milissegundo (50 vezes menor).

Domínio do 5G na Saúde

Estima-se que cerca de 30% dos dados gerados no mundo sejam referentes a cuidados com saúde. Por conta disto e da necessidade de respostas rápidas, o setor de saúde deverá ser um dos maiores beneficiados pela rede 5G. A maior velocidade de tráfego de informações e um baixo período de latência irão melhorar significativamente tanto o acesso a cuidados de saúde quanto a qualidade dos serviços prestados.

Neste sentido, listamos a seguir os principais domínios que devem ser impactados pela tecnologia 5G nos próximos anos:

1. Telemedicina

Durante a pandemia do novo coronavírus, a telemedicina tem sido um setor de extrema importância para garantir o acesso à saúde, especialmente em regiões remotas. Com o advento das redes 5G, espera-se um impacto expressivo nas consultas à distância, com conexões mais rápidas e estáveis. Além disso, possivelmente veremos um aumento no número de avaliações remotas dos pacientes por meio de dispositivos médicos conectados à rede, bem como o emprego de tradutores em tempo real facilitando a comunicação entre médicos e pacientes.

Com relação aos exames de diagnóstico por imagem, as redes 5G possibilitarão o tráfego de grande volume de dados em tempo real, com aumento da produtividade dos médicos e facilitação de serviços de segunda opinião.

O baixo período de latência da rede 5G deverá permitir a realização de telecirurgias com exatidão. Há pouco mais de um ano, na China, foi realizada com sucesso a primeira neurocirurgia com auxílio da rede 5G, com duração de cerca de três horas, estando o neurocirurgião a 3 mil quilômetros de distância do paciente.

Por fim, as redes 5G permitirão o emprego de robôs mais ágeis e leves em procedimentos cirúrgicos, ao necessitarem de menor poder computacional local para processamento de imagens, movimentos e análise visual.

2. Monitoramento remoto de pacientes

O uso de dispositivos vestíveis já é uma realidade no setor de saúde. Dispositivos como smartphones e smartwatches já são capazes de avaliar o ritmo cardíaco, frequência respiratória e saturação sanguínea de oxigênio, entre outros exemplos. Com as redes 5G, esses dispositivos terão uma capacidade de conexão ainda maior e mais estável, permitindo criar e utilizar em tempo real algoritmos baseados em big data e inteligência artificial.

Os pacientes se tornarão mais ativos e estarão no centro dos seus atendimentos, ajudando as equipes de saúde e participando de decisões compartilhadas. A tecnologia 5G deve auxiliar bastante na desospitalização, com o atendimento ao paciente sendo feito cada vez mais na sua própria casa ou em ambientes extra-hospitalares, como hospitais-dia e serviços de homecare.

3. Uso de dados e análises preditivas

Outro impacto positivo das redes 5G será no emprego de dados populacionais e análises preditivas. Com a utilização em tempo real de um grande volume de dados de saúde, será possível analisar cenários de atendimento e a necessidade de administração de medicamentos, ajustes de dose e reavaliações da estrutura de atendimento de um hospital ou até mesmo dos serviços de saúde de uma cidade ou país, reduzindo custos e aumentando a eficiência.

Os profissionais de saúde, por meio das redes 5G, terão acesso em tempo real a eventuais problemas de saúde dos seus pacientes, podendo intervir de forma imediata. Poderão também personalizar as experiências e cuidados para cada paciente, inclusive com intervenções de saúde em âmbito populacional.

4. Realidade virtual e realidade aumentada

As redes 5G trarão oportunidades de utilização da realidade virtual e da realidade aumentada para treinamento de equipes de saúde e para atendimento a pacientes. A utilização de óculos de realidade virtual com conteúdos disponibilizados por redes 5G, por exemplo, pode auxiliar no atendimento de pacientes claustrofóbicos ou ansiosos. Os mesmos sistemas podem ser empregados por médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde para acompanhar procedimentos em tempo real e capacitação em treinamentos na área.

Em resumo, a tecnologia 5G tem tudo para trazer diversos benefícios para o setor de saúde, com impactos positivos para médicos e pacientes. Enquanto em alguns países do mundo as redes 5G já são realidade – discutindo-se, inclusive, a adoção de redes 6G ainda nesta década –, no Brasil o leilão das faixas do 5G está previsto para o próximo dia 4 de novembro, com previsão de chegada da tecnologia às principais cidades até o ano que vem. Torcemos para que chegue em breve e tenhamos nossa saúde cada vez mais conectada, eficiente e digital.

Publicado na coluna de setembro de 2021 da MIT Sloan Management Review Brasil.