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Do Einstein para o SUS: a rota letal da covid-19A covid-19 está percorrendo um novo caminho por São Paulo, cidade que registrou os primeiros casos e ainda tem os maiores números da doença no Brasil. Depois de debutar nas áreas mais ricas e nos hospitais privados, o novo coronavírus está se espalhando por regiões periféricas e populosas, principalmente as Zonas Leste e Norte, e lotando cada vez mais os leitos do Sistema Único de Saúde (SUS). É um trajeto esperado, mas que as autoridades de saúde pretendiam postergar o máximo possível. Em 31 de março, o único boletim epidemiológico do município divulgado até agora pontuou: “A distribuição de casos nos territórios mais periféricos da cidade ainda é significativamente menor que no centro expandido. O cenário aponta para um papel importante das medidas de distanciamento social: mitigar a contaminação da covid-19 em regiões onde a vulnerabilidade socioeconômica é maior”. Oito dias depois, um mapeamento feito pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado revela que o cenário que se pretendia atrasar já é realidade: mais de um terço das mortes está ocorrendo nas bordas da cidade. Nem prefeitura nem governo do estado informam qual é o número oficial de internações por covid-19 na rede privada e na rede pública. Também orientam que hospitais não repassem dados sobre suas situações particulares. Informações levantadas pela piauí junto a quatro instituições apontam para uma queda de casos nos hospitais privados de elite e um aumento em hospitais públicos e filantrópicos. O Hospital Albert Einstein, onde foi internado o primeiro paciente conhecido com covid-19 no Brasil, mantém o mesmo número de internações que tinha em 31 de março. Já o Sírio Libanês tem vinte casos a menos. Por outro lado, no Hospital São Paulo, o número de internações por casos confirmados ou suspeitos de covid-19 saltou de 46 para 64, entre o final de março e 7 de abril. No Hospital Santa Marcelina de Itaquera, instituição filantrópica na Zona Leste, a alta foi de 88 para 127 internações, até 6 de abril.