O poder deflacionário da economia colaborativa

Uber, Airbnb e Wikipedia são alguns exemplos de economia colaborativa em que a tecnologia é um fator de redução de preços. No Brasil, podemos citar o Gympass, o Conta Azul ou mesmo a iniciativa do Itaú com as bicicletas espalhadas por várias cidades do país.

Pense em quanto tempo um carro pode passar ocioso. É bem provável que em mais de 80% do tempo este capital esteja, literalmente, estacionado. Soluções como o Uber deram utilidade a este recurso já disponível, reduzindo o preço da mobilidade sem a necessidade de expandir a frota.

Manter servidores locais em muitos casos é parecido com ter carros parados, sem o benefício da comodidade e conforto que um carro pode proporcionar. E as semelhanças não param por aí, porque o custo de aquisição é só o início. Pense, além deste, no custo adicional com revisões, peças, IPVA, seguro e multa. Sem contar o custo de oportunidade de ter o dinheiro parado e depreciando em um carro.

Muitos hospitais, centros diagnósticos e clínicas hoje possuem salas enormes e refrigeradas, com servidores próprios, softwares e equipes de tecnologia. Se considerarmos que atualmente existem soluções em nuvem, que otimizam a alocação dos recursos, isso faz sentido?

Softwares modernos já contam com uma arquitetura definida, flexível e em evolução. Protocolos e equipes de segurança da informação são especializados e os servidores, compartilhados, respeitando a individualidade de cada usuário.

Citando alguns exemplos que já funcionam na lógica moderna:

Olhando os índices de inflação nacionais, podemos rapidamente perceber que estamos na contramão do mundo. O mais surpreendente é que a elevação dos preços relacionados a saúde é ainda mais acentuada.

Vamos avaliar alguns números:

Fonte: IBGE

Outro dado interessante de se analisar é que, segundo a ANS, mais de 2,2 milhões de pessoas deixaram de ter cobertura por planos de saúde com assistência médica em pouco mais de 1 ano.

Mas pessoas não deixam de ficar doentes, agendar consultas e realizar exames. Só que, em vez de utilizarem o sistema privado, passam a ser um custo adicional para o SUS. Se pensarmos que o poder de compra das famílias e os orçamentos das empresas foram reduzidos, não é difícil concluir que a equação não fecha.

E como enfrentar a crise, sem perder qualidade? Se a resposta for a continuada elevação de preços, menos pessoas vão estar dispostas a pagar pelos serviços, abrindo espaço para a concorrência. É preciso ter criatividade e dinamismo para mudar.

Há mais de 6 anos acompanhamos com interesse o mercado de computação na nuvem aplicado a imagens médicas e novas tecnologias. Neste tempo percebemos que, além de reduzir custos, é possível ter um ganho de qualidade e eficiência com soluções tecnológicas que aplicam o conceito de economia compartilhada.

Desenvolver soluções próprias para cada desafio pode não só limitar o crescimento de um negócio, mas inviabilizar a própria existência do serviço. Proteger um banco de dados e garantir a privacidade dos pacientes exigem investimentos elevados em tecnologia. As soluções tradicionais cada vez mais incluem linhas de custos, com a necessidade de atualização de softwares, troca de hardwares e treinamentos para o uso do sistema.

A computação em nuvem em muitos casos é a resposta mais sensata. O armazenamento de imagens médicas é um exemplo. Faz sentido antecipar um investimento e imobilizar o capital do seu negócio sabendo da existência de soluções mais baratas e já resolvidas?

Se existem 1.000 hospitais do mundo que possuem características semelhantes, todos podem utilizar as funcionalidades para problemas comuns. Há economia de tempo e capital, elevando o nível de agilidade e profissionalismo e possibilitando a capacidade de expansão muito mais acelerada.

Soluções em nuvem permitem o pagamento na medida da utilização, como se fossem uma assinatura. Dropbox, Google Drive, Spotify e Netflix são alguns exemplos que compartilham do mesmo conceito de economia compartilhada.

Se você tem ainda alguma dúvida do poder deflacionário da economia colaborativa, basta pensar que uma ligação de 5 minutos entre Nova York e São Francisco custava US$ 3,70 na década de 1950, segundo artigo publicado na The Economist. Em valores atuais, US$ 36,35. Hoje, com o Whatsapp, estamos falando de alguns centavos.

A adoção de novas tecnologias é lenta, mas a velocidade de mudança dos modelos de negócio pode ser determinante para o sucesso ou fracasso. Se você trabalha com o modelo de Orçamento Base Zero, já tem uma bela oportunidade de cortar custos em 2017 e contribuir para o processo deflacionário da economia colaborativa.

Dr. Gustavo Meirelles, Radiologista, Co-fundador da Ambra Saúde

Daniel Ávila, Desenvolvedor de Negócios da Ambra Saúde

Este artigo foi publicado originalmente no blog da Ambra Saúde e na edição de fevereiro do Jornal da Imagem da Sociedade Paulista de Radiologia.